A Recompensa

sábado, 31 de janeiro

Palavras saíam da ponta do lápis levemente dispostas a escrever uma história jamais escrita, como jamais acontecera. 'São as palavras que nos escolhem, não nós que as escolhemos', lembrou. E por um instante sentiu um acolhimento sincero, 'vieram para mim', pensou. Parecia que seus dedos nunca tinham escrito uma palavra que fosse. Escrevia com tanta sede, segurava o lápis com tamanha precisão, que o papel sequer ousou sair do lugar. A respiração ofegante esbanjava desespero, ansiedade, inquietação.
Emoções borbulhavam dentro de si. Os indícios de um arrebatamento emocional continuavam ao chão, refletindo os raios do sol que os iluminavam. Pouco se importava. Continuava a escrever e ignorava tudo ao seu redor. Só o que lhe importava naquele momento era o que sentia. 
Olhou por um instante para o chão, exatamente no momento em que um dos cacos ficou mais iluminado por um dos raios do sol que entravam pela janela, 'uma xícara a mais, a menos, que diferença faz? Nenhuma. Essas coisas que a gente ganha quando casa e ficam aí, pedindo para serem quebradas, bah. A única coisa faltosa é o café. Santo café que me acompanha sempre', resmungou em pensamento.

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